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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mega-agrupamento de escolas de Alcobaça


Na edição escrita 985 do Região de Cister de 5 de Julho de 2012

Iniciativa permite que alunos da vila de pataias estudem em Alcobaça
Gaspar Vaz eleito presidente do Mega-Agrupamento

Gaspar Vaz foi anunciado esta semana como o presidente do Agrupamento de Escolas de Cister, que tem como objetivo evitar a saída de alunos de Pataias do concelho de Alcobaça.
O também diretor da Esdica confessou que a presidência deste novo agrupamento é um “desafio a ser superado”, em grande parte devido ao facto de abranger mais de 4 mil alunos.
“É óbvio que é um número muito grande mas teria de o levar para a frente. Caso não o fizesse, seria um sinal de fraqueza e cobardia. Estaria a virar as costas num momento tão difícil”, comentou o docente, realçando que neste momento o mais importante é “trabalhar” e fazer o “máximo possível para que tudo dê certo desde o início”.
Com este novo agrupamento, os alunos que terminarem o 9º ano na vila de Pataias serão encaminhados para a Esdica, impedindo que muitos deles optem por ir estudar para a Marinha Grande ou para a Nazaré. “Sem a verticalização, Pataias podia correr o risco de desaparecer ou ser agregado a outros agrupamentos”, justificou- Paulo Inácio, presidente da Câmara de Alcobaça, considerando que esta foi uma opção “inteligente” por parte dos responsáveis da escola.
Para que tudo se desenvolva conforma o previsto, Gaspar Vaz pretende “ouvir” e “analisar” as melhores opções, até porque poderá não ser necessário fazer grandes alterações.
“Por vezes não se muda para melhor e se tudo poder funcionar como está, melhor para nós. Esperemos alterar o mínimo possível para que tudo se desenvolva da melhor maneira possível”. Para isso, o responsável pretende utilizar “todos os meios que estejam disponíveis”, sejam eles “físicos ou humanos”.

Comentário

Continuo a ver muita demagogia e desinformação nas notícias que vão saindo sobre o mega-agrupamento de escolas.

Em primeiro lugar o subtítulo da notícia “Iniciativa permite que alunos da vila de pataias estudem em Alcobaça”. 
Ora, é do conhecimento geral que a única coisa que impedia os alunos de Pataias de estudarem em Alcobaça era um serviço de transportes com horários que não lembravam a ninguém. E foi assim durante mais de 20 anos. Quando finalmente a Câmara colocou transportes escolares com horários decentes, o número de alunos de Pataias a estudarem em Alcobaça subiu… em flecha. Parece-me pois “populista” o título da notícia.

Em segundo, “os alunos que terminarem o 9º ano na vila de Pataias serão encaminhados para a Esdica, impedindo que muitos deles optem por ir estudar para a Marinha Grande ou para a Nazaré”. 
É falso, tal como está escrito. 
A ideia da verticalização dos agrupamentos é permitir que os alunos prossigam os estudos dentro do mesmo agrupamento e do mesmo projeto educativo. Mas a Lei também nos diz que os pais são livres de inscreverem os filhos onde quiserem, independentemente do seu local de residência e do ano de escolaridade. Portanto, se algum pai ou aluno quiser estudar na Nazaré ou na Marinha Grande, não há NADA que o impeça (excepto a vaga no estabelecimento).

Já agora, estou curioso para ver o projeto educativo do novo agrupamento. Não será fácil conciliar as realidades, as vivências, o mercado de trabalho de Aljubarrota, Évora, Vimeiro, Cela, Bárrio com... Pataias. Ou alguém vai "abdicar" de alguma coisa?

Terceiro, “Sem a verticalização, Pataias podia correr o risco de desaparecer ou ser agregado a outros agrupamentos”. 
É aqui que eu me bato. 
Pataias “ser agregado a outro agrupamento”, não foi o que aconteceu agora? Qual foi a vantagem de o ser agora, se eventualmente nem o poderia ser no futuro?
Pataias poder “desaparecer” – como? Extinguir a escola de Pataias que atualmente tem cerca de 340 alunos no 2º e 3º ciclo, é isso que querem dizer? Que garantias existem que essa extinção, agora que foi feita a agregação, não irá acontecer?
E até digo mais, se houvesse, no futuro, esse risco, que posição tomaria a Câmara relativamente ao encerramento da escola, situada a 20km da sede do concelho, e que serve todas as freguesias do norte do concelho? Deixaria fechar ou iria bater-se pela sua manutenção, como dezenas de outras autarquias têm feito relativamente ao encerramento das suas escolas?
Há aquele ditado que diz "pagar e morrer, quanto mais tarde melhor...".

Resta-nos uma esperança.
As autarquias – Câmara e Junta – assim como algumas coletividades têm assento no futuro Conselho Geral do Agrupamento. Espero que se batam, ou melhor, que EXIJAM A MANUTENÇÃO do 2º e 3º ciclo, independentemente do número de alunos, em Pataias. Pois a mim parece-me que será muito mais fácil deslocar 1 ou 2 vezes por semana alguns professores que três centenas e meia de alunos todos dias. Se assim não for, terão ainda mais explicações para dar.

E já agora: haverá transporte a horas decentes dos alunos da Martingança e Burinhosa para Alcobaça, ou esses podem continuar a ir para a Marinha Grande? 

E os funcionários, talvez os maiores afetados por todo este processo. Alguém os ouviu?

Reafirmo.
Esta decisão representará um preço demasiado alto naquilo que é um conceito de desenvolvimento social, humano e até económico que Pataias poderá nunca ter capacidade de pagar.
Espero muito estar errado.

1 comentário:

  1. Imprecisões… equívocos… ou o quem tudo quer, tudo poderá perder – direi eu!
    1º - O facto da Escola EB 2,3 de Pataias ter tido, até agora, uma personalidade jurídica própria nunca constituiu qualquer obstáculo a que os seus alunos continuassem estudos, após o 9º ano, na Escola Secundária D. Inês de Castro. Aliás, na última meia dúzia de anos, o número de alunos a fazerem a continuação de estudos em Alcobaça aumentou.
    2º - Comparar Marinha Grande (escola pública) e Nazaré (escola privada mas com dinheiros públicos), não só é querer pôr em pé de igualdade o que é desigual, como me leva a perguntar o porquê de não ter sido levada a cabo, ao longo destes anos todos, uma acção de combate à fuga dos alunos do nosso concelho para o Juncal (concelho de Porto de Mós)?
    3º - A verticalização, para já, já fez desaparecer juridicamente a Escola EB 2,3 de Pataias. Quanto ao seu desaparecimento físico, este está, no meu entender, agora, mais facilitado. Senão, veja-se: quando é que mais escolas do 1º ciclo e jardins-de-infância encerraram? Não foi após o aparecimento dos agrupamentos? Por que é que agora poderá ser diferente? Além disso, se tudo se concentra em Alcobaça, o que é que impede os pais das povoações mais a norte do concelho, mais ligados à Marinha Grande em termos profissionais e comerciais, de levar os seus filhos, uma vez concluído o 1º ciclo, para esta? E por sua vez, o que impede os das freguesias mais próximas de Alcobaça de os trazerem logo para uma das escolas, deste novo agrupamento, situadas na cidade? Se tal acontecer, - e Deus queira que eu me engane – o que restará a Pataias?
    4º - E por último, Senhor Presidente, permita-me discordar da sua afirmação:
    - Em primeiro lugar, não consegui, ainda, descortinar qualquer “inteligência” no encerramento do Agrupamento de Escolas de Pataias. Tendo este mais de 800 alunos, e sendo dadas como exemplos recorrentes as Escolas da Finlândia, – cerca de 500/600 alunos – onde está a inteligência? Só se a “inteligência” estiver no facto de um punhado de pessoas se ter prestado ao papel de assinar a carta de despedimento de professores e, sobretudo, de funcionários administrativos, que o governo ainda não se tinha disposto a assinar este ano…
    - Depois, considerar o encerramento de serviços, por si só, um acto “inteligente”, obrigar-me-ia a considerar “inteligente” o anterior Primeiro-Ministro que se distinguiu no encerramento de escolas, centros de saúde, urgências hospitalares, maternidades, etc. E, pessoalmente, recuso-me a tal. Esperto terá sido, sem dúvida! Por isso hoje se encontra por Paris …
    - E, finalmente, então terei de reconhecer que, afinal, a suprema “inteligência” será atingida pelo nosso actual Primeiro-Ministro quando, depois de completar o trabalho de encerramento de escolas, tribunais, hospitais e maternidades, iniciado pelo governo anterior, extinguir, também, a generalidade das freguesias e dos municípios…
    Já agora, porque não se fecha o país?

    João Paiva

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